Santa Vitória do Palmar, pequena cidade do Sul do Rio Grande do Sul, virou motivo de destaque nacional com a eleição de Denis Dias Nunes para comandar a Federarroz, principal entidade de representação dos produtores de arroz do país. A escolha de Nunes foi feita de maneira unânime em assembleia, mostrando consenso e reconhecimento do seu histórico no campo e na articulação com outros produtores.
Nos bastidores da eleição, a aclamação reflete um desejo claro dos associados em fortalecer a posição da cidade, que hoje é a maior produtora nacional de arroz, respondendo sozinha por 5,6% de tudo que é plantado no Brasil. O cenário na região é de grandes lavouras que se estendem pelos campos favorecidos por lagos como o Mirim e o Mangueira, dois recursos naturais que garantem disponibilidade de água e tornam a produção mais estável em um setor sujeito aos altos e baixos do clima.
Denis assume oficialmente em julho de 2025, mas já começa a participar das discussões sobre temas delicados, como os preços pagos pelo arroz. O mercado vem de uma sequência de instabilidades, com o preço da exportação subindo recentemente para R$82 por saca no porto do Rio Grande, mas isso não significa, na prática, um cenário de tranquilidade. Os custos de produção, que envolvem maquinário de ponta e insumos importados, sobem junto e pesam no bolso do produtor.
Não basta plantar—é preciso garantir que o arroz chegue ao consumidor e renda algum lucro para quem está na ponta da cadeia. Federarroz lida diuturnamente com desafios que vão da exportação, que depende de acordos internacionais e da oscilação do dólar, até problemas climáticos. Só nesta safra, as lavouras da região já sofreram com o fenômeno chamado acamamento, quando o excesso de chuva derruba as plantas e dificulta a colheita, reduzindo a produtividade.
Santa Vitória do Palmar, além da tradição, investe pesado em tecnologia agrícola. As fazendas usam manejo de irrigação mais preciso, colheitadeiras modernas e até monitoramento por satélite para prever riscos. É essa combinação de tradição, inovação e infraestrutura de água que faz o município se destacar.
Roberto Ghigino, que já ocupava a vice-presidência, segue ao lado de Nunes para garantir continuidade nas ações. O momento é de transição, mas também de expectativa: produtores de outras regiões olham para Santa Vitória do Palmar como exemplo, esperando que a nova gestão da Federarroz seja articulada não só para defender o preço justo do arroz, mas também para buscar políticas públicas mais alinhadas com a realidade do campo.
Ao assumir esse papel de liderança, Nunes ganha uma missão: manter o protagonismo do município, enfrentar incertezas do mercado, negociar melhores condições e conectar produtores diante dos desafios globais da agricultura. O futuro do arroz brasileiro, ao que tudo indica, passa pelas mãos de quem vive a rotina, sente as dificuldades e tem experiência concreta no setor agrícola.