Se você acha que o blues nasceu só nos Estados Unidos, tá na hora de mudar de ideia. Na década de 60, um monte de músicos britânicos começou a ouvir os caras de Chicago, Memphis e o Delta, e acabou criando um jeito todo especial de tocar o blues. O resultado foi o que a gente chama de blues britânico.
Tudo começou quando jovens ingleses, como o Mick Jagger e o Keith Richards, descobriram discos de Muddy Waters e B.B. King. Eles ficaram tão fascinados que começaram a copiar as licks nas suas bandas. O primeiro grande nome foi o John Mayall & the Bluesbreakers, que virou uma fábrica de guitarristas: Eric Clapton, Peter Green e Mick Taylor passaram por lá.
Depois, surgiram grupos como The Rolling Stones e The Yardbirds, que misturaram o blues com rock e fizeram hits que ainda tocam nas rádios. O Fleetwood Mac também começou como uma banda de blues puro, com Peter Green liderando os primeiros álbuns. Até o Led Zeppelin tem raízes profundas no blues – que você sente em músicas como “You Shook Me”.
Nos anos 70 e 80, o blues britânico continuou evoluindo. Surgiram artistas mais autênticos, como David “Honeyboy” Edwards (não confundir com o americano) e bandas como The Groundhogs e The Blues Agency. Eles mantiveram a guitarra pesada, a voz rasgada e o feeling dos velhos discos, mas com um toque britânico que dá um sabor único.
Quer ouvir esse estilo sem complicação? Comece pelas playlists de serviços de streaming. Procure por “British Blues Classics” ou “UK Blues Legends” – você vai encontrar desde o John Mayall até o revivalista moderno Philip Guy. Outra dica: abra o YouTube e veja shows ao vivo de Gary Moore ou do Robin Trower. A energia das performances ao vivo faz o blues ainda mais potente.
Se curte sair de casa, dê uma olhada nas casas de shows de Londres, como o O2 Academy Brixton ou o Hammersmith Apollo. Muitas vezes eles têm noites de blues com bandas locais. No Brasil, cidades como São Paulo e Rio têm bares que fazem noites de “British Blues Night”, então vale ficar de olho nas programações.
Pra quem quer aprender a tocar, a guitarra de Eric Clapton em “Layla” ou o solo de Peter Green em “Albatross” são ótimos pontos de partida. Existem tutoriais gratuitos no YouTube que ensinam passo a passo. Não esqueça de praticar o bend de corda e a escala pentatônica – são a base do som.
Por fim, se você curte ler, procure livros como “The British Blues” de Christopher C. O’Leary. Eles contam histórias de bastidores, fala sobre gravações amadoras e mostra como a cena underground ajudou a moldar o que a gente ouve hoje.
Então, da próxima vez que quiser dar uma escapada do pop, coloque um álbum de John Mayall, deixe o som rolar e sinta a energia do blues britânico invadindo a sua sala. É simples, direto e cheio de alma – exatamente como a música deve ser.
John Mayall, uma figura proeminente na cena do blues britânico, faleceu na segunda-feira, 22 de julho de 2024, aos 90 anos. Mayall foi um músico altamente influente conhecido por suas contribuições ao blues e ao blues-rock, impactando profundamente o desenvolvimento do blues britânico e inspirando muitos músicos notáveis. A notícia de seu falecimento foi divulgada em 24 de julho de 2024, com homenagens vindas de toda a comunidade musical.