Você já imaginou uma instituição que reúne escola, posto médico, cursos profissionalizantes, biblioteca e até espaços para diálogo de diferentes religiões, tudo isso em um só lugar? Assim é a Mansão do Caminho, no coração do bairro Pau da Lima, em Salvador. Fundada em 1952 por Divaldo Franco e Nilson de Souza Pereira, a instituição assumiu um papel que vai muito além da ajuda pontual: virou um verdadeiro polo de apoio e transformação para milhares de famílias da periferia da cidade.
O complexo ocupa nada menos que 78 mil metros quadrados, com 44 prédios. Hoje, mais de 5 mil pessoas passam por ali diariamente. Crianças, adolescentes e adultos recebem desde cestas básicas até educação completa e preparação para o mercado de trabalho—tudo com um olhar para a dignidade e o crescimento humano.
Lá, funciona uma escola que cobre desde o ensino fundamental até o médio, além de oficinas práticas que abrem portas para profissões futuras. A biblioteca incentiva a leitura na comunidade, e os espaços de convivência aproximam pessoas de diversas crenças, promovendo o respeito e o entendimento mútuo, algo que sempre foi central na visão de Divaldo Franco.
Nos anos 1960, a Mansão deu um salto: deixou de ser apenas abrigo para crianças e virou referência em educação e formação profissional. Já nos anos 1980, aderiu a novos métodos pedagógicos, acompanhando as discussões mais avançadas sobre infância, adolescência e inclusão social.
O lado da saúde não ficou para trás. O espaço conta com posto médico, laboratório, farmácia e ações de prevenção. Por anos, até o parto humanizado foi oferecido ali—a Mansão do Caminho foi pioneira nesse cuidado, mesmo tendo encerrado o serviço em 2023 por causa da baixa procura.
Um dos projetos mais conhecidos criados por Divaldo foi o evento “Você e a Paz”. Por quase 30 anos, ele reuniu pessoas de múltiplas religiões, promovendo boas conversas, atitudes de tolerância e uma esperança renovada de que convivência pacífica entre diferentes credos é possível e desejável. Isso deixou marcas profundas, especialmente em tempos marcados por intolerância e polarização.
Mesmo após a morte de Divaldo Franco, em maio de 2025, a Mansão mantém vivo o ideal de acolhimento, educação de qualidade e cuidado com quem mais precisa. Quem visita sente no ambiente: aqui, o respeito ao ser humano é prioridade e a porta está aberta para quem quiser aprender, construir futuro ou simplesmente buscar amparo.