A Chapecoense voltou à elite do futebol brasileiro. Na tarde de domingo, 23 de novembro de 2025, diante de uma torcida enlouquecida na Arena Condá, em Chapecó, a equipe catarinense venceu o Atlético-GO por 1 a 0, com gol de pênalti de Walter Clar, e conquistou o acesso direto à Série A do Campeonato Brasileiro 2026Brasil. A cena foi de pura emoção: milhares de torcedores invadiram o gramado após o apito final, como se o tempo tivesse voltado aos tempos de glória — e, de certa forma, foi mesmo. Porque essa vitória não era só sobre pontos. Era sobre resiliência, identidade e um clube que nunca deixou de acreditar.
Um gol, uma história
O gol da vitória veio aos 44 minutos do primeiro tempo. O volante Guilherme Romão, de 24 anos, foi derrubado na área pelo lateral Éverton, do Atlético-GO. O árbitro apontou a marcação. E então, com frieza de quem sabe o peso da hora, Walter Clar, lateral-esquerdo de 27 anos e um dos poucos jogadores que permanecem desde a era pós-tragédia, bateu com precisão no canto direito do goleiro. Nada de comemoração exagerada. Apenas um olhar para a torcida, um apontar para o peito — onde está o emblema da Chapecoense. Era como dizer: "Isso é por todos nós".A Arena Condá, com 19.351 torcedores, bateu recorde de público no futebol catarinense em 2025. Ninguém se moveu. Nem quando o Atlético-GO, frustrado, começou a se desfazer. Aos 44 minutos da segunda etapa, o atacante Luizão foi expulso por falta técnica. Cinco minutos depois, o meia Gustavo Daniel recebeu o segundo cartão amarelo. O time goiano, que já vinha com dificuldades ofensivas, perdeu o equilíbrio. A Chapecoense, por outro lado, manteve a postura. A melhor chance da segunda etapa veio aos 26 minutos, quando o jovem atacante Ítalo, de 21 anos, acertou a trave após falha da defesa adversária na saída de bola. O gol não veio, mas a certeza sim: a classificação estava garantida.
Os números que não mentem
A Chapecoense terminou a Série B 2025 em terceiro lugar, com exatos 62 pontos — 16 vitórias, 14 empates e 8 derrotas. Foram 52 gols marcados e apenas 35 sofridos, um saldo de +17. O Atlético-GO, que chegou à rodada final sonhando com o acesso, acabou em 11º, com 52 pontos. A diferença? Consistência. Enquanto o time goiano oscilou entre vitórias e derrotas, a Chapecoense foi como um relógio suíço: constante, preciso, sem surpresas.Esse é o terceiro acesso da história do clube à Série A. O primeiro veio em 2013, quando iniciou uma sequência de seis anos consecutivos na elite (2014 a 2019). Depois, em 2020, voltou como campeão da Série B. A última vez que esteve na elite foi em 2021, quando viveu a pior campanha da era dos pontos corridos: apenas 15 pontos. Quatro anos depois, com um novo elenco, novo técnico e nova diretoria, voltou — e não por acaso.
Quem está por trás do retorno
O técnico Emerson Ferreira da Rosa, de 45 anos, ex-jogador da seleção brasileira e ícone do futebol nacional, assumiu o clube em 2024 com um mandato claro: reconstruir com identidade. "Essa vitória é fruto de muito trabalho de todo o elenco e comissão técnica. Mantivemos a calma em um jogo decisivo e conseguimos conquistar o objetivo maior da temporada", disse ele após o apito final. Nada de discursos grandiosos. Apenas verdade.Na presidência, Marcos Soriano, de 52 anos, que está no cargo desde 2022, liderou uma reforma financeira e esportiva que poucos acreditavam ser possível. "Estamos voltando para onde merecemos estar. Este acesso é resultado de um planejamento sério e profissional que iniciamos há dois anos", afirmou. E ele tem razão. A Chapecoense cortou dívidas, investiu na base, renovou contratos com jogadores-chave e, acima de tudo, manteve a transparência com a torcida.
O dinheiro e o futuro
O acesso à Série A não é só emocional — é financeiro. A Chapecoense espera receber cerca de R$ 80 milhões em direitos de transmissão em 2026, contra os R$ 15 milhões que recebeu na Série B este ano. Em 2021, quando esteve na elite, arrecadou R$ 45 milhões. Ou seja: o salto é de quase 400% em relação ao ano passado. Isso significa mais verba para contratações, melhor infraestrutura, aumento de patrocínios e, principalmente, estabilidade para o clube.Além disso, o retorno à elite traz visibilidade. Marcas que haviam se afastado agora voltam a olhar para a Chapecoense. Lojas de produtos oficiais já relataram aumento de 300% nas vendas nas 48 horas após a vitória. O clube, que já tinha uma torcida apaixonada, agora tem um futuro mais sólido.
Quando o passado se encontra com o presente
Não se pode falar da Chapecoense sem lembrar de 2016. A tragédia de Medellín abalou o mundo do futebol. Mas o clube, contra tudo e todos, decidiu continuar. Não por obrigação, mas por amor. E esse acesso, em 2026, é uma homenagem silenciosa a todos que se foram. Não foi um título, mas algo mais profundo: a prova de que, mesmo depois da dor mais profunda, é possível reconstruir — com dignidade, com humildade e com coragem.Frequently Asked Questions
Como a Chapecoense conseguiu se recuperar financeiramente após a tragédia de 2016?
Após 2016, o clube passou por reestruturação profunda: vendeu ativos não essenciais, negociou dívidas com credores e recebeu apoio de patrocinadores nacionais e internacionais que acreditaram na reconstrução. O plano de longo prazo, iniciado em 2022 sob a presidência de Marcos Soriano, priorizou a transparência e a sustentabilidade, evitando novos endividamentos e investindo na base e na infraestrutura.
Quais são os principais desafios da Chapecoense para a Série A 2026?
O principal desafio será manter a competitividade contra clubes com orçamentos muito maiores. A equipe precisa reforçar o elenco, especialmente no meio-campo e na defesa, além de garantir estabilidade técnica. O técnico Emerson Ferreira da Rosa já indicou que buscará jogadores com experiência na Série A, mas que também tenham compromisso com a identidade do clube.
Por que o acesso foi confirmado com o resultado do Cuiabá contra o Criciúma?
A Chapecoense precisava de vitória e que o Criciúma não vencesse. O Criciúma jogava contra o Cuiabá, e, mesmo com a derrota por 2 a 1, o Criciúma terminou com 61 pontos, um abaixo da Chapecoense. Com isso, a Chapecoense garantiu o terceiro lugar e acesso direto, enquanto o Criciúma ficou em quarto, entrando na briga pela vaga na Copa Sudamericana.
Qual é a importância histórica desse acesso para o futebol catarinense?
É o primeiro acesso de um clube de Santa Catarina à Série A desde o Joinville, em 2016. Além disso, a Arena Condá bateu recorde de público estadual em 2025, mostrando que o interior catarinense tem torcida e estrutura para sustentar times de elite. Isso fortalece o futebol regional e pode incentivar outros clubes a investirem em projetos de longo prazo.
O Atlético-GO ainda tem chances de retornar à Série A em 2026?
O Atlético-GO terminou em 11º, fora da zona de acesso. Para voltar, precisa vencer a Série B em 2026, o que exige reformulação completa. O técnico Eduardo Souza, que está no comando desde 2024, pode ser demitido após a temporada. O presidente Wagner Silva já admitiu que o clube precisa "recomeçar com mais profissionalismo".
Quem são os principais jogadores que devem permanecer na Chapecoense para a Série A?
Além de Walter Clar, que se tornou símbolo da recuperação, o goleiro Danilo, o zagueiro Matheus Cunha e o meia Lucas Silva são pilares do elenco. O técnico Emerson Ferreira da Rosa já sinalizou que pretende manter a base, com possíveis reforços na ponta e no ataque. O jovem Ítalo, de 21 anos, também é visto como futuro da equipe.